Ao todo, 371 hospitais do SUS espalhados pelo Brasil atenderão pacientes
que necessitam retirar próteses das marcas PIP e Rófil, que utilizavam silicone
industrial
Nos últimos meses, as brasileiras
que possuem próteses de silicones para os seios ficaram em alerta,
principalmente, se a marca utilizada era francesa. Toda a repercussão aconteceu
após a descoberta que os produtos da marca francesa Poly Implant Prothèse (PIP)
eram produzidos com materiais impróprios, o que causou a suspeita de que os
implantes possuíam uma taxa de ruptura mais alta em comparação com próteses de
outras marcas, além de serem preenchidos por um gel que poderia causar câncer.
Após as investigações, o fundador
da PIP admitiu ter usado silicone adulterado e não-testado nas próteses. Mas o
que aumentou a preocupação das mulheres com implantes e fez o caso ganhar
destaque, foi à morte de uma francesa, que teria morrido por causa de um
linfoma causado pela ruptura da prótese. Com isso cerca de 25 mil brasileiras
que possuem silicones da PIP, preocupadas com a sua saúde, passaram a buscar
soluções para os seus casos e o que deveriam fazer para não ter nenhum problema
com o implante.
Em entrevista para a equipe da
UNESP (Universidade Estadual Paulista) o médico especialista em cirurgia
plástica, Aristides Palhares fez sua advertência sobre o problema com os
implantes mamários de silicone. “Uma
vez que se sabe que o silicone é de baixa qualidade não tem porque ficar com a
prótese e correr risco de desenvolver problemas, seja de ruptura de prótese ou até
a eventual possibilidade da formação de um tumor”, explica.
A necessidade da troca de todas as
próteses da PIP e também das mulheres que usaram os silicones da marca
holandesa Rófil, fez com que o governo brasileiro garantisse a cirurgia
reparadora gratuita em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes que
fizeram a cirurgia por fins estéticos e em clínicas particulares também poderão
ser atendidas no SUS e terão suas novas próteses custeadas pelo governo. Mulheres com histórico de câncer
deverão fazer a troca dos implantes mamários mesmo sem apresentar problemas,
além disso, serão as primeiras na fila de cirurgias.
Caso a mulher não apresente histórico
de câncer, antes da retirada da prótese será necessário realizar exames médicos
e uma avaliação clínica de um médico do serviço público que ateste a
necessidade da retirada do silicone. Ao
todo, 371 hospitais do SUS presentes nos 26 estados do país e no Distrito
Federal realizaram os exames e a cirurgia.
Para as mulheres que passaram
pela avaliação clínica e as próteses não apresentam nenhuma ruptura, a cirurgia
será aguardada e a paciente monitorada por um programa de acompanhamento para
as mulheres que tem implantes da PIP ou Rófil. Após três meses dos primeiros
exames, o SUS deve fazer uma nova análise das próteses.
Segundo o presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Aboudib, o mais indicado
para as mulheres que possuem as próteses das marcas que apresentaram problemas
é procurar o médico que colocou o implante e fazer uma análise da situação da
prótese, para depois decidir se a remoção precisa ser feita ou pode esperar.
Riscos
Apesar do implante de mama
existir há mais de cinco décadas, os riscos para quem deseja colocar próteses
nos seios continuam. Os mais comuns são o risco de ruptura, infecção e
endurecimento da prótese. Na entrevista para Unesp, Aristides Palhares falou
sobre outro problema do implante mamário. “O paciente que vai colocar silicone
tem de saber que a prótese precisa eventualmente ser trocada, então não dá para
acreditar que aquele implante vai durar a vida inteira, principalmente nos
pacientes mais jovens”, afirma.
Para José Horácio Aboudib, a mulher
deve ficar sempre atenta a qualquer diferença e procurar o seu médico caso
perceba algo de errado no implante. Além
disso, é fundamental observar a necessidade de trocar as próteses com o passar
do tempo. “Mesmo que não aconteça nada, após dez anos do implante a mulher deve
voltar a procurar o seu médico para a análise da sua prótese”, afirma.
Mesmo com a necessidade da troca das
próteses, as brasileiras não parecem intimidadas quando o assunto é silicone
nos seios. Segundo pesquisa da SBCP realizada em 2009, aproximadamente 100 mil
mulheres colocaram próteses nas mamas, o que fez do Brasil o segundo país do
mundo com cirurgias desse tipo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Nem mesmo os recentes problemas da PIP
e da Rófil diminuíram a vontade das brasileiras em colocar próteses nos seios.
Clínicas que fazem a cirurgia plástica em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de
Janeiro continuam atendendo o mesmo número de pacientes e dizem que a procura
de mulheres interessadas em fazer a cirurgia não diminuiu após as recentes
queixas.
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