quarta-feira, 20 de março de 2013

Governo garante auxílio às mulheres que precisam trocar próteses dos seios



Ao todo, 371 hospitais do SUS espalhados pelo Brasil atenderão pacientes que necessitam retirar próteses das marcas PIP e Rófil, que utilizavam silicone industrial
        

Nos últimos meses, as brasileiras que possuem próteses de silicones para os seios ficaram em alerta, principalmente, se a marca utilizada era francesa. Toda a repercussão aconteceu após a descoberta que os produtos da marca francesa Poly Implant Prothèse (PIP) eram produzidos com materiais impróprios, o que causou a suspeita de que os implantes possuíam uma taxa de ruptura mais alta em comparação com próteses de outras marcas, além de serem preenchidos por um gel que poderia causar câncer.

Após as investigações, o fundador da PIP admitiu ter usado silicone adulterado e não-testado nas próteses. Mas o que aumentou a preocupação das mulheres com implantes e fez o caso ganhar destaque, foi à morte de uma francesa, que teria morrido por causa de um linfoma causado pela ruptura da prótese. Com isso cerca de 25 mil brasileiras que possuem silicones da PIP, preocupadas com a sua saúde, passaram a buscar soluções para os seus casos e o que deveriam fazer para não ter nenhum problema com o implante.

Em entrevista para a equipe da UNESP (Universidade Estadual Paulista) o médico especialista em cirurgia plástica, Aristides Palhares fez sua advertência sobre o problema com os implantes mamários de silicone. “Uma vez que se sabe que o silicone é de baixa qualidade não tem porque ficar com a prótese e correr risco de desenvolver problemas, seja de ruptura de prótese ou até a eventual possibilidade da formação de um tumor”, explica.

A necessidade da troca de todas as próteses da PIP e também das mulheres que usaram os silicones da marca holandesa Rófil, fez com que o governo brasileiro garantisse a cirurgia reparadora gratuita em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes que fizeram a cirurgia por fins estéticos e em clínicas particulares também poderão ser atendidas no SUS e terão suas novas próteses custeadas pelo governo. Mulheres com histórico de câncer deverão fazer a troca dos implantes mamários mesmo sem apresentar problemas, além disso, serão as primeiras na fila de cirurgias.

Caso a mulher não apresente histórico de câncer, antes da retirada da prótese será necessário realizar exames médicos e uma avaliação clínica de um médico do serviço público que ateste a necessidade da retirada do silicone. Ao todo, 371 hospitais do SUS presentes nos 26 estados do país e no Distrito Federal realizaram os exames e a cirurgia.

Para as mulheres que passaram pela avaliação clínica e as próteses não apresentam nenhuma ruptura, a cirurgia será aguardada e a paciente monitorada por um programa de acompanhamento para as mulheres que tem implantes da PIP ou Rófil. Após três meses dos primeiros exames, o SUS deve fazer uma nova análise das próteses.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Aboudib, o mais indicado para as mulheres que possuem as próteses das marcas que apresentaram problemas é procurar o médico que colocou o implante e fazer uma análise da situação da prótese, para depois decidir se a remoção precisa ser feita ou pode esperar.

Riscos

Apesar do implante de mama existir há mais de cinco décadas, os riscos para quem deseja colocar próteses nos seios continuam. Os mais comuns são o risco de ruptura, infecção e endurecimento da prótese. Na entrevista para Unesp, Aristides Palhares falou sobre outro problema do implante mamário. “O paciente que vai colocar silicone tem de saber que a prótese precisa eventualmente ser trocada, então não dá para acreditar que aquele implante vai durar a vida inteira, principalmente nos pacientes mais jovens”, afirma.

Para José Horácio Aboudib, a mulher deve ficar sempre atenta a qualquer diferença e procurar o seu médico caso perceba algo de errado no implante.  Além disso, é fundamental observar a necessidade de trocar as próteses com o passar do tempo. “Mesmo que não aconteça nada, após dez anos do implante a mulher deve voltar a procurar o seu médico para a análise da sua prótese”, afirma.

Mesmo com a necessidade da troca das próteses, as brasileiras não parecem intimidadas quando o assunto é silicone nos seios. Segundo pesquisa da SBCP realizada em 2009, aproximadamente 100 mil mulheres colocaram próteses nas mamas, o que fez do Brasil o segundo país do mundo com cirurgias desse tipo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Nem mesmo os recentes problemas da PIP e da Rófil diminuíram a vontade das brasileiras em colocar próteses nos seios. Clínicas que fazem a cirurgia plástica em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro continuam atendendo o mesmo número de pacientes e dizem que a procura de mulheres interessadas em fazer a cirurgia não diminuiu após as recentes queixas.



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