quarta-feira, 20 de março de 2013

Excesso de medicamentos em idosos pode prejudicar a saúde





80% dos idosos têm pelo menos uma doença crônica; 10% tomam até quatro medicações diárias
A grande maioria dos remédios é testada em pessoas jovens. Quando se atinge a terceira idade, as substâncias químicas atuam de outra maneira no organismo do idoso. O excesso de medicamentos consumidos por eles é uma das preocupações dos geriatras, pois cerca de 80% dos idosos tem pelo menos uma doença crônica e 15% apresentam até cinco. Quando todas estas drogas passam a atuar juntas no organismo, os efeitos colaterais começam a aparecer e prejudicar a saúde do idoso.

Cerca de 10% dos idosos consomem pelo menos quatro drogas diferentes todos os dias, quando este idoso é hospitalizado, essa média pode chegar a 10 drogas diferentes por dia e o risco de complicações torna-se ainda maior.

Para a médica geriatra do Hospital de Belo Horizonte, Maria José Ferreira, esta prevalência faz com que o idoso use mais de um medicamento de forma contínua, o que aumenta as chances de causar a polifarmácia (administração concomitante de diversos medicamentos), podendo aumentar os efeitos colaterais. “Os remédios prescritos são os analgésicos, diuréticos, sedativos, laxativos, antihipertensivos, as drogas cardiovasculares e os antibióticos. O ideal é sempre começar com doses baixas e ir reajustando para minimizar os riscos de alterações medicamentosas”, afirma.

Além do uso de medicamentos já prescritos pelos médicos, é comum na rotina do idoso haver automedicação e uso de remédios milagrosos apresentados na TV. “Os produtos antiéticos são um grande problema para a geriatria. A televisão é sedutora e os produtos são apresentados como a panacéia para todos os males da velhice, melhorando desde dores da artrose, até vigor físico e mental. Muitas vezes o paciente utiliza tais produtos e apresenta complicações clínicas”, explica Maria José.

Entre os principais efeitos provocados pelo uso indiscriminado de remédios e pela automedicação são azia, dor no estômago, náuseas, vômitos, gastrite, úlcera no estômago com sangramento, alterações sanguíneas e insuficiência renal, que podem ocorrer com o uso de analgésicos e antiinflamatórios. “O uso de laxantes e diuréticos também podem levar a desidratação e o uso de sedativos pode levar a fraqueza nas pernas e quedas que podem ser fatais para o idoso”, afirma a geriatra.

Efeitos colaterais
A ação do medicamento no idoso não funciona da mesma maneira que em uma pessoa jovem. Todos os órgãos na terceira idade funcionam mais lentamente, o que pode fazer com que a medicação seja eliminada de forma mais lenta. “Devemos levar em consideração o trajeto seguido pelo remédio desde a sua absorção no estômago ou intestino até a sua excreção nos rins, passando pela sua distribuição, que pode ser feita pela gordura, pela água corporal e pela metabolização feita no fígado. No idoso essas funções são alteradas de forma natural pela idade”, explica Maria José.

Nestes casos, a absorção é mais lenta, há diminuição da água corporal e aumento da gordura corporal (o que interfere na distribuição), há redução do tamanho e da circulação de sangue para o fígado, o que interfere na metabolização. Por último, há redução na filtração dos rins. “Tudo isso faz com que os medicamentos sejam perigosos para o idoso”, diz Maria José.

Outro ponto a ser observado é a farmacodinâmica do medicamento, ou seja, a maneira pela qual o organismo responde aos medicamentos. Todo remédio tem um sítio de ação e essa ação se processa através de receptores. “No idoso ocorre uma redução da quantidade e da sensibilidade desses receptores. Por isso, sempre ressalto que um remédio que foi bom para o vizinho pode ser nocivo para outra pessoa”, explica Maria José.

Complicações médicas 

Analgésicos e Antiinflamatórios: azia, dor no estômago, gastrite, úlceras no estômago com sangramento, alterações do sangue como anemia e prejuízo da coagulação e insuficiência renal
Diuréticos: desidratação e câimbras
Sedativos: fraqueza nas pernas, com fusão mental e quedas
Antihipertensivos: tosse, quedas, confusão mental
Antidepressivos: boca seca, constipação intestinal, retenção urinária, queda de pressão arterial
Antialérgicos e Antieméticos:(remédios para vômitos): confusão mental e sonolência                                                                                                
Antidiabéticos: hipoglicemia (queda do açúcar do sangue).           


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, seja membro deste blog, indique este blog.