80%
dos idosos têm pelo menos uma doença crônica; 10% tomam até quatro medicações
diárias
A
grande maioria dos remédios é testada em pessoas jovens. Quando se atinge a
terceira idade, as substâncias químicas atuam de outra maneira no organismo do
idoso. O excesso de medicamentos consumidos por eles é uma das preocupações dos
geriatras, pois cerca de 80% dos idosos tem pelo menos uma doença crônica e 15%
apresentam até cinco. Quando todas estas drogas passam a atuar juntas no
organismo, os efeitos colaterais começam a aparecer e prejudicar a saúde do
idoso.
Cerca
de 10% dos idosos consomem pelo menos quatro drogas diferentes todos os dias,
quando este idoso é hospitalizado, essa média pode chegar a 10 drogas
diferentes por dia e o risco de complicações torna-se ainda maior.
Para
a médica geriatra do Hospital de Belo Horizonte, Maria José Ferreira, esta
prevalência faz com que o idoso use mais de um medicamento de forma contínua, o
que aumenta as chances de causar a polifarmácia (administração concomitante de
diversos medicamentos), podendo aumentar os efeitos colaterais. “Os remédios
prescritos são os analgésicos, diuréticos, sedativos, laxativos,
antihipertensivos, as drogas cardiovasculares e os antibióticos. O ideal é
sempre começar com doses baixas e ir reajustando para minimizar os riscos de
alterações medicamentosas”, afirma.
Além
do uso de medicamentos já prescritos pelos médicos, é comum na rotina do idoso
haver automedicação e uso de remédios milagrosos apresentados na TV. “Os
produtos antiéticos são um grande problema para a geriatria. A televisão é
sedutora e os produtos são apresentados como a panacéia para todos os males da
velhice, melhorando desde dores da artrose, até vigor físico e mental. Muitas
vezes o paciente utiliza tais produtos e apresenta complicações clínicas”,
explica Maria José.
Entre
os principais efeitos provocados pelo uso indiscriminado de remédios e pela
automedicação são azia, dor no estômago, náuseas, vômitos, gastrite, úlcera no
estômago com sangramento, alterações sanguíneas e insuficiência renal, que
podem ocorrer com o uso de analgésicos e antiinflamatórios. “O uso de laxantes
e diuréticos também podem levar a desidratação e o uso de sedativos pode levar
a fraqueza nas pernas e quedas que podem ser fatais para o idoso”, afirma a
geriatra.
Efeitos colaterais
A
ação do medicamento no idoso não funciona da mesma maneira que em uma pessoa
jovem. Todos os órgãos na terceira idade funcionam mais lentamente, o que pode
fazer com que a medicação seja eliminada de forma mais lenta. “Devemos levar em
consideração o trajeto seguido pelo remédio desde a sua absorção no estômago ou
intestino até a sua excreção nos rins, passando pela sua distribuição, que pode
ser feita pela gordura, pela água corporal e pela metabolização feita no
fígado. No idoso essas funções são alteradas de forma natural pela idade”,
explica Maria José.
Nestes
casos, a absorção é mais lenta, há diminuição da água corporal e aumento da
gordura corporal (o que interfere na distribuição), há redução do tamanho e da
circulação de sangue para o fígado, o que interfere na metabolização. Por
último, há redução na filtração dos rins. “Tudo isso faz com que os
medicamentos sejam perigosos para o idoso”, diz Maria José.
Outro
ponto a ser observado é a farmacodinâmica do medicamento, ou seja, a maneira
pela qual o organismo responde aos medicamentos. Todo remédio tem um sítio de
ação e essa ação se processa através de receptores. “No idoso ocorre uma
redução da quantidade e da sensibilidade desses receptores. Por isso, sempre
ressalto que um remédio que foi bom para o vizinho pode ser nocivo para outra
pessoa”, explica Maria José.
Complicações médicas
Analgésicos e Antiinflamatórios: azia, dor no estômago, gastrite,
úlceras no estômago com sangramento, alterações do sangue como anemia e
prejuízo da coagulação e insuficiência renal
Diuréticos: desidratação e câimbras
Sedativos: fraqueza nas pernas, com fusão mental
e quedas
Antihipertensivos: tosse, quedas, confusão mental
Antidepressivos: boca seca, constipação intestinal,
retenção urinária, queda de pressão arterial
Antialérgicos e Antieméticos:(remédios para vômitos): confusão
mental e sonolência
Antidiabéticos: hipoglicemia (queda do açúcar do
sangue).
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