Exames
de sangue regulares e cuidados com a alimentação podem ajudar a combater doenças
cardiovasculares, que já representam 33% dos casos de óbito no Brasil
Que esposa nunca passou pela situação
de ter de agendar consulta médica para o marido? No passado, este era um
problema muito mais frequente do que nos dias atuais. Segundo Marcelo
Bertolami, cardiologista e diretor científico do Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia, atualmente, a frequência e o número de pacientes homens têm
aumentado nos consultórios e ambulatórios médicos. “Verificamos que os homens
estão se preocupando tanto quanto as mulheres no que refere aos cuidados com a
saúde. Muitos desses pacientes comparecem às consultas regularmente e conseguem
seguir as orientações em longo prazo, sem o acompanhamento e vigilância da
parceira”, diz.
Entretanto, ainda existem resquícios
de uma época em que, para marcar uma ida ao médico – para check-ups ou para
tratar algum problema de saúde que esteja afetando as atividades diárias, como
uma dor em alguma parte de corpo, por exemplo, só à base de muita insistência
feminina. O problema é que existem doenças que são silenciosas e, se as pessoas
não prestarem atenção à própria saúde, a prevenção de doenças graves fica
comprometida.
O colesterol elevado é uma dessas
doenças que não provoca sintomas e é um fator de risco para as doenças
cardiovasculares. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde* indicam que essas
doenças são responsáveis por 33% dos óbitos no Brasil, o que representa 350 mil
mortes por ano, cerca de mil por dia. “Por isso é importante que todas as
pessoas, independente do gênero, tenham seus exames de sangue em dia, pois
somente com ele o médico consegue verificar se há alterações nos níveis de
colesterol”, orienta Bertolami.
Reduzir as taxas do colesterol
envolve, em primeiro lugar, uma mudança de hábitos que pode encontrar alguma
resistência por parte dos homens. Alimentação balanceada e atividades físicas
precisam ser incluídas no cotidiano daqueles que estão tratando o colesterol
elevado. “É uma grande mudança, mas não é algo impossível de ser feito”,
explica o especialista. “O paciente passa a ter uma dieta um pouco mais
restrita, optando por carnes mais magras, evitando alimentos amanteigados,
embutidos (salsicha, linguiça,
salame, presunto, mortadela), doces cremosos, creme de leite, queijos amarelos,
peles de aves, vísceras; e substituindo frituras por assados, molhos calóricos
pelas suas versões light, leite e iogurtes integrais por desnatados e a
manteiga pela margarina”. São substituições mais saudáveis que podem ser
adaptadas tranquilamente na rotina.
Em muitos casos, se faz necessário
partir para o tratamento medicamentoso no combate ao aumento do colesterol ruim
(o LDL). Segundo Bertolami, o principal grupo de medicamentos é o das
estatinas, que agem diminuindo a fabricação do colesterol pelo próprio
organismo. “Evidências mostram que o tratamento a longo prazo com essa
substância traz muitos benefícios, como a diminuição da doença cardiovascular
de origem aterosclerótica, como o infarto, morte súbita e acidente vascular
cerebral isquêmico, conhecido como derrame cerebral”, diz o cardiologista,
ressaltando que são os que mais causam óbitos.
Muito do mais do que reduzir o
colesterol, as estatinas também auxiliam pessoas que possuem outras doenças
cardiovasculares, como a angina. Entre as opções de tratamento à base dessa
substância está o Lípitor (atorvastatina), que é a estatina com o maior número
de evidências científicas que comprovam seus efeitos na redução significativa
do risco de eventos cardiovasculares.
Seja qual for a terapia indicada pelo
médico, a parceria do casal é essencial para o sucesso do tratamento. No caso
do marido que estiver mais resistente em seguir a dieta, com as atividades
físicas e com o tratamento medicamentoso, o apoio e incentivo da esposa é
fundamental para que esta fase de adaptação a uma nova realidade se torne mais
fácil de ser superada. “Compartilhar as consultas e as informações a dois é uma
forte arma para uma vida a dois mais saudável e com mais qualidade. Só é
preciso tomar cuidado com o excesso de cuidados, como ‘pegar muito no pé’, por
exemplo, a fim de que não surjam desavenças que não são positivas e podem
comprometer o bem-estar do paciente”, orienta.
*Baseados
em estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2010.
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