Novos estudos prometem exames que podem detectar a doença ainda em seu estágio inicial
O
Mal de Alzheimer afeta cerca de 36 milhões de pessoas no mundo. A doença que
causa o desligamento progressivo e irreversível das funções cerebrais prejudica
a memória, o raciocínio, além de interferir no comportamento da pessoa. O
diagnóstico da doença que não tem cura, só é feito, na maioria dos casos,
quando a degeneração cerebral já está em um estado avançado. Mas se depender de
alguns pesquisadores, que estiveram recentemente na Conferência Internacional
de Alzheimer realizada em Paris, na França, a identificação da doença poderá
ser feita de forma mais rápida já nos próximos anos.
Durante
a Conferência, alguns pesquisadores e estudiosos no assunto apresentaram novos
métodos, que prometem descobrir a doença mais cedo. Alguns já estão sendo
testados e podem ser utilizados nos próximos anos.
Um
dos novos métodos pode detectar a doença de forma precoce através de um exame
de imagem, onde é possível ver uma proteína no cérebro ou no sangue, que
possivelmente causaria o início da morte dos neurônios. Outro estudo também
apresentado no Encontro promete o diagnóstico a partir de um teste na retina. A
largura dos vasos sanguíneos é medida e as pessoas que possuem os vasos mais
largos teriam a doença.
Entre as boas notícias apresentadas na Conferência está a
de um método mais promissor para o diagnóstico da doença já em fase de
aprovação nos Estados Unidos. O exame consiste em injetar no sangue do paciente
um contraste. Após a aplicação, uma tomografia computadorizada permite enxergar
placas da proteína beta-amiloide, que os pesquisadores acreditam que pode estar
ligada ao aparecimento do Alzheimer.
Apesar
de não existir um remédio ou método que cure o Mal de Alzheimer, exames que
permitem o diagnostico precoce da doença já são considerados um avanço para a
medicina. “Os remédios existem e caso o
diagnostico seja feito de uma forma precoce, eles podem diminuir a evolução da
doença. Com o diagnostico feito no início, pode ser traçado um perfil do Mal de
Alzheimer no paciente e preparar a família para lidar com a doença”, afirma a neurologista Márcia Lorena Chaves, coordenadora do
Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia
Brasileira de Neurologia.
Para Márcia, com um diagnóstico correto no começo da
doença, o paciente com Alzheimer pode receber um tratamento melhor, mais
eficiente contra os sintomas da doença e ter uma melhor qualidade de vida.
Entenda o Mal de Alzheimer e seus
estágios
A
Doença de Alzheimer pode ser dividida em quatro fases. Na primeira etapa, a
pessoa pode apresentar sinais de perda de memória de curto prazo e
desorientação de tempo espaço. “A pessoa passa a esquecer de algumas atividades do
cotidiano. Acontece de marcar compromissos e não comparecer, mesmo tendo uma
agenda. Claro que não são aquelas eventuais situações que você perde os óculos
e não sabe onde deixou, mas sim com uma grande freqüência”, afirma Márcia.
Na
segunda fase, é comum o doente apresentar dificuldades em reconhecer e
identificar objetos e a executar alguns movimentos. “A pessoa que tem Alzheimer
esquece a função das coisas, não sabe mais para que serve o gás ou a água, por
exemplo” conta a publicitária Soraya Ruffo, que cuidou da mãe com a doença durante
os três anos.
Já
na terceira fase, o Mal de Alzheimer se apresenta em um estágio mais avançado,
o que leva o doente a ter mais dificuldades para realizar tarefas sozinho, em
se comunicar e reconhecer familiares. “Minha mãe chegou há não reconhecer eu e
meu filho, que era a paixão dela”, revela Soraya. Nesse período, a atenção 24
horas ao doente é essencial.
No
último estágio da doença, a pessoa já é totalmente dependente de alguém que a ajude
nas tarefas mais básicas e pode apresentar até alguns sinais de agressividade.
Não é comum os pacientes chegarem a esse estágio da doença, mas quando chegam
não há nenhum raciocínio e podem depender de uma sonda para se alimentar.
Embora
os médicos ainda não conheçam os fatores de risco para o desenvolvimento do Mal
de Alzheimer, os únicos indícios conhecidos até hoje são os de pessoas com
casos da doença na família, o que as torna mais propensas a desenvolver o
Alzheimer. A idade avançada também favorece, já que é comum o aparecimento da
enfermidade em pessoas idosas.
Hoje,
só é possível detectar a doença através do histórico familiar, de avaliações
mentais e sinais neurológicos do paciente. “Não existe exame que detecta a doença. Um especialista
diagnostica o Mal de Alzheimer a partir da exclusão de outras doenças, de
escalas e testes a partir dos sintomas que apresenta”, conclui Márcia.
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