sábado, 9 de março de 2013

Pesquisadores desenvolvem métodos para diagnosticar Mal de Alzheimer



Novos estudos prometem exames que podem detectar a doença ainda em seu estágio inicial

O Mal de Alzheimer afeta cerca de 36 milhões de pessoas no mundo. A doença que causa o desligamento progressivo e irreversível das funções cerebrais prejudica a memória, o raciocínio, além de interferir no comportamento da pessoa. O diagnóstico da doença que não tem cura, só é feito, na maioria dos casos, quando a degeneração cerebral já está em um estado avançado. Mas se depender de alguns pesquisadores, que estiveram recentemente na Conferência Internacional de Alzheimer realizada em Paris, na França, a identificação da doença poderá ser feita de forma mais rápida já nos próximos anos.

Durante a Conferência, alguns pesquisadores e estudiosos no assunto apresentaram novos métodos, que prometem descobrir a doença mais cedo. Alguns já estão sendo testados e podem ser utilizados nos próximos anos.  

Um dos novos métodos pode detectar a doença de forma precoce através de um exame de imagem, onde é possível ver uma proteína no cérebro ou no sangue, que possivelmente causaria o início da morte dos neurônios. Outro estudo também apresentado no Encontro promete o diagnóstico a partir de um teste na retina. A largura dos vasos sanguíneos é medida e as pessoas que possuem os vasos mais largos teriam a doença.

Entre as boas notícias apresentadas na Conferência está a de um método mais promissor para o diagnóstico da doença já em fase de aprovação nos Estados Unidos. O exame consiste em injetar no sangue do paciente um contraste. Após a aplicação, uma tomografia computadorizada permite enxergar placas da proteína beta-amiloide, que os pesquisadores acreditam que pode estar ligada ao aparecimento do Alzheimer.

Apesar de não existir um remédio ou método que cure o Mal de Alzheimer, exames que permitem o diagnostico precoce da doença já são considerados um avanço para a medicina. “Os remédios existem e caso o diagnostico seja feito de uma forma precoce, eles podem diminuir a evolução da doença. Com o diagnostico feito no início, pode ser traçado um perfil do Mal de Alzheimer no paciente e preparar a família para lidar com a doença”, afirma a neurologista Márcia Lorena Chaves, coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.  
Para Márcia, com um diagnóstico correto no começo da doença, o paciente com Alzheimer pode receber um tratamento melhor, mais eficiente contra os sintomas da doença e ter uma melhor qualidade de vida.

Entenda o Mal de Alzheimer e seus estágios

A Doença de Alzheimer pode ser dividida em quatro fases. Na primeira etapa, a pessoa pode apresentar sinais de perda de memória de curto prazo e desorientação de tempo espaço. “A pessoa passa a esquecer de algumas atividades do cotidiano. Acontece de marcar compromissos e não comparecer, mesmo tendo uma agenda. Claro que não são aquelas eventuais situações que você perde os óculos e não sabe onde deixou, mas sim com uma grande freqüência”, afirma Márcia.

Na segunda fase, é comum o doente apresentar dificuldades em reconhecer e identificar objetos e a executar alguns movimentos. “A pessoa que tem Alzheimer esquece a função das coisas, não sabe mais para que serve o gás ou a água, por exemplo” conta a publicitária Soraya Ruffo, que cuidou da mãe com a doença durante os três anos.

Já na terceira fase, o Mal de Alzheimer se apresenta em um estágio mais avançado, o que leva o doente a ter mais dificuldades para realizar tarefas sozinho, em se comunicar e reconhecer familiares. “Minha mãe chegou há não reconhecer eu e meu filho, que era a paixão dela”, revela Soraya. Nesse período, a atenção 24 horas ao doente é essencial.

No último estágio da doença, a pessoa já é totalmente dependente de alguém que a ajude nas tarefas mais básicas e pode apresentar até alguns sinais de agressividade. Não é comum os pacientes chegarem a esse estágio da doença, mas quando chegam não há nenhum raciocínio e podem depender de uma sonda para se alimentar.

Embora os médicos ainda não conheçam os fatores de risco para o desenvolvimento do Mal de Alzheimer, os únicos indícios conhecidos até hoje são os de pessoas com casos da doença na família, o que as torna mais propensas a desenvolver o Alzheimer. A idade avançada também favorece, já que é comum o aparecimento da enfermidade em pessoas idosas.

Hoje, só é possível detectar a doença através do histórico familiar, de avaliações mentais e sinais neurológicos do paciente. “Não existe exame que detecta a doença. Um especialista diagnostica o Mal de Alzheimer a partir da exclusão de outras doenças, de escalas e testes a partir dos sintomas que apresenta”, conclui Márcia.


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